segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

POSICIONAMENTOS POLÍTICOS A RESPEITO DA EAD

POR QUE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA?

Segundo Tamara Benakouche, os principais motivos da atual expansão da EAD, não só no país, mas em todo mundo, são basicamente três:

1. O aumento da demanda por formação ou qualificação;

2. A multiplicação de meios técnicos capazes de garantir materialmente a efetivação desse tipo de educação;

3. A emergência de uma cultura que já não vê com muito estranhamento o estabelecimento de situações de interação envolvendo pessoas situadas em contextos locais distintos.

Devido a mudanças na organização produtiva - definidas, sobretudo pelo aumento da competitividade do mercado e por novas exigências em termos de qualidade por parte dos consumidores - as empresas estão buscando uma força de trabalho cada vez mais qualificada, o que está provocando uma verdadeira corrida para a realização de cursos nos mais diversos níveis, com o intuito de grantir a seus participantes uma nova capacitação ou uma formação mais atualizada e/ou mais consistente.

As pessoas que por alguma razão não estão encontrando respostas para suas demandas no ensino tradicional - seja pela ausência de cursos nos locais onde vivem, seja pela falta de tempo para uma dedicação integral a uma formação - estão-se apresentando como os candidatos preferenciais para uma experiência à distância. Difunde-se cada vez mais a idéia de que a educação não é um processo que se possa dar em algum momento por concluído, mas ao contrário, que ocorre ao longo de toda a vida.

Por outro lado, como explica Julia Malanche em seu artigo “Políticas de educação a distância: democratização ou canto da sereia?” na Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.26, p.209 –216, jun. 2007, o interesse na democratização do acesso à educação, além de criar uma ilusão de que todos, por meio dela, podem melhorar suas vidas, carrega outra intenção: a de formar mão-de-obra especializada para a nova fase de acumulação do capital que exige trabalhadores capacitados tecnicamente, criativos, eficientes e adaptáveis.

A autora esclarece também que, as políticas de EAD, colocadas em prática de forma mais incisiva na formação docente, têm como intenção a desintelectualização docente. Para ela, a formação docente a distância é, na verdade, mais uma das estratégias que, desde os anos de 1990, são postas em prática para despolitizar e controlar o professor. Portanto, além de baratear a formação do professor, na qual são contratados tutores presenciais e virtuais para operacionalizar o programa, investe-se em menos funcionários, menos espaço físico, menos tempo presencial e, também é possível modelar um novo perfil de professor, competente tecnicamente e inofensivo politicamente.

Conclui que nesse contexto, a educação passa a ser vista como um instrumento para o desenvolvimento econômico, para o ajustamento dos indivíduos ao chamado mercado de trabalho, deixando-se em segundo plano a questão da educação como instrumento de emancipação humana, de participação, de interferências nas questões políticas, de expressão de pontos de vista sobre o modo de condução da coisa pública.


REFERÊNCIAS

MALANCHE, Julia. Políticas de educação a distância: democratização ou canto da sereia? Disponível em: http://www.gepeto.ced.ufsc.br/arquivos/artjulia.pdf. Acesso em 05/12/2010.

BENAKOUCHE, Tamara. Educação a distância (ead): uma solução ou um problema? GT 02 – EDUCAÇÃO E SOCIEDADE. 3a. Sessão: O sistema de ensino superior e as transformações recentes.Universidade Federal de Santa Catarina. Petrópolis, RJ. 2000.


Andréa Lana e Morgana Vasconcelos


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